quarta-feira, 5 de junho de 2013


Senta ao meu lado, e deixa que meus pensamentos se percam nessa fumaça que te envolve, me deixa inalar essa neblina que te cerca até que eles se fundam a ela, e não sobre mais nada. Deixe que eu deite minha cabeça em seu colo, e que o peso do meu corpo se concentre nos outros membros. Faz assim, fica em silêncio, só me deixa falar:
Não sei por quanto tempo provei do seu leite, mas tenho consciência das suas noites mal dormidas enquanto embalava a minha insônia constante, e recordo de quando você me ensinou a não temer o escuro, e não temer a mim mesmo, a não me aguar: "Chore se precisar".
Perdão se me fecho em silêncios, se meu abraço anda frouxo e o brilho apagado, mas continuo com fome de teu afeto, sua comida e de seu cheiro de cigarro.
Vê mãe? Vê como cresci? Não tanto quanto eu gostaria, mas eu serei grande, mãe. Serei sim. O mundo me mudou, mas eu ainda me lembro das tranças do seu cabelo e do gosto do seu café.
Lembra mãe? Dos primeiros passos, do andar de bicicleta e do dente que caiu? E das crises, dos medos, da linha tênue e corda bamba? Dos asteroides que colidem? E das faíscas que nos fizeram ressurgir? Amigos, irmãos, mãe-filho, filho e mãe?
Não foi fácil, e às vezes não é, mas veja: devemos nos orgulhar por termos encontrado um jeito de darmos certo. Todo o choro ao telefone, declarações silenciosas, promessas para o futuro e o mergulho no mundo do outro. Você está aí, e me ergue pelas mãos. E como admiro sua força de mil homens e mil mulheres, e me sinto mais confiante por orientar o meu passo.
Eu te amei e ainda te amo, mãe. Lembra?

2 comentários:

Thaís. disse...

Ando toda chorona esses dias e você me vem com esse post. Ainda mais perto do aniversário da minha véinha, que me deixa toda babona. Achei lindo. Sincero, como sempre. Já perdi todo o meu estoque de palavras quando me refiro aos seus textos.

Sem hipocrisia, mas lembrar do seu blog e da pessoa incrível que tem por detrás dele foi um dos motivos pelos quais me fez voltar.

Não suma, sua pureza faz uma falta danada. ;*

Firefly disse...

Você não sabe o bem que me faz ler seus comentários, sempre tão graciosos! Muito obrigado.
Sinto muita falta da sua escrita também. Você sempre deixa saudade.